quinta-feira, 30 de outubro de 2014

10 livros clássicos brasileiros que todos deveriam ler

Especial: Semana Nacional do Livro


Hoje se encerra em várias universidades a Semana Nacional do Livro, em que muitos jovens puderam participar desses eventos, promovendo palestras e saraus buscando difundir elementos da cultura e da arte. Isso me faz lembrar das épocas de colégio quando eu fui apresentada por meus professores de literatura aos grandes autores clássicos brasileiros. Conheço muita gente que não gosta, mas não sei se era porque eu era fascinada por esses escritores por conta da riqueza de seus livros, que me envolvia de um jeito que parecia que eu estava com uma relíquia em mãos, ou se era porque eu conseguia sentir a presença do autor por trás daquilo tudo. E uma das coisas que diferenciam os clássicos dos escritores atuais, são as impressões que cada autor deixa em suas obras que fica fácil de identificá-los e que, além disso, agregam elementos característicos de períodos históricos, como o barroco, o romantismo, o surrealismo, o realismo e mais uma infinidade de riquezas.
Sem mais delongas, selecionei 10 livros clássicos brasileiros apaixonantes que todo mundo deveria ser obrigado a ler (por lei!). Então esqueça Stephenie Meyer, John Green, E. L. James e confira só essa lista:



1. Dom Casmurro - Machado de Assis



Esse obra-prima de Machado de Assis foi publicada em 1899, há 115 anos atrás, e ainda assim nos traz uma história viva, envolvente, uma intriga e uma pergunta que não morreu com o passar dos tempos: Capitu traiu ou não Bentinho? Ler esse livro é basicamente a mesma coisa de escutar um amigo contando a versão dele sobre o fim de seu relacionamento, por conta de uma suposta traição, sem você saber qual é a versão da outra parte. E é basicamente isso, a leitura de Dom Casmurro consiste em uma história narrada por Bentinho, que às vezes confunde o leitor se devido acontecimento foi "real" ou se aquilo foi uma interpretação pessoal do narrador. Com base nisso, vários autores resolveram escrever o lado da Capitu, como Estevão Zizzi com A Réplica de Capitu na Academia Brasileira de Letras em uma defesa contra o machismo (que fez com que, no período em que o livro foi lançado, Capitu fosse simplesmente julgada como adúltera). Enfim, cabia só ao próprio autor solucionar esse mistério (e ele bem que podia ter deixado um documento nos contando a verdade antes de morrer, né?). Se você nunca leu, vá para a biblioteca e reserve esse livro, JÁ!





Não lembro em que ano do colégio eu estava que o professor pediu para lermos o livro Grande Sertão: Veredas (1956) do Guimarães Rosa para a prova do próximo bimestre. Confesso que relutei muito para ler esse livro por dificuldades de entender a linguagem (que não era uma linguagem no qual eu estava acostumada). Além disso, o começo é bem confuso  porque o personagem da trama, Riobaldo faz um monte de relatos que não tem uma conexão propriamente dita. Depois de muito penar para continuar lendo o livro, eis que surge Quelemén de Góis e é aí que a história começa. A história gira em torno da amizade de Riobaldo e Reinaldo que se fortalece ao longo dos acontecimentos (das batalhas entre o bando de Zé Bebelo e de Joca Ramiro) até que Reinaldo sente ciúmes de Riobaldo quando ele se envolve em um caso com a prostituta Norinhá (levando  a entender um suposto romance homossexual). Como eu não pretendo escrever o livro todo (e muito menos dar spoiler), recomendo esse livro por ser mais um daqueles que contêm finais que você menos espera. O livro é fantástico, vale muito a pena se esforçar para ler.



Outro clássico do Machado de Assis que não poderia faltar nessa lista é Memórias Póstumas de Brás Cubas, escrito em 1881 é um dos meus preferidos, que consiste no estilo narrativo em primeira pessoa (característico dos livros de Machado) e que conta a história de Brás Cubas, que resolve narrar sua vida depois de morto. Brás Cubas vai contando sua história desde sua infância e os acontecimentos de sua vida, como um homem rico e solteiro, que leva o personagem (assim como nós) a uma profunda reflexão sobre nossa existência, sobre o que é bom e o que é mau, o que é certo e o que é errado. Recomendadíssimo para quem ainda não leu.



O Tempo e o Vento de Érico Veríssimo, lançado em 1949, é uma trilogia divida em O Continente, O Retrato e O Arquipélago, que narra o processo de formação do estado do Rio Grande do Sul, trazendo para a leitura a Revolução Farroupilha. Esse livro é para quem gosta de histórias que contam com o envolvimento de vários personagens, já que se passam gerações e gerações das famílias Terra e Cambará. O livro também inspirou duas adaptações para a TV (uma delas na Globo em 1985) e, agora, para os cinemas, sendo que ano passado vou lançado o filme O Tempo e o Vento. Ainda não vi o filme, mas recomendo ler o livro antes.



Vidas Secas (1938) de Graciliano Ramos, conta a história de uma família de retirantes do sertão que abandonam suas terras de tempos em tempos para fugir da seca. O livro carrega muita riqueza, perceptível no desenrolar da trama, e uma mistura de vários sentimentos de otimismo e pessimismo. É a história de Fabiano (pai, vaqueiro e analfabeto), Sinhá Vitória (mãe e que sabe fazer contas com grãos, livrando Fabiano das ciladas), Menino Mais Velho (que queria aprender a ler), o Menino Mais Novo (que também queria ser vaqueiro), a Baleia (a cadela que é tratada como uma pessoa e é minha personagem preferida de todos) e o papagaio (que não falava, só latia porque o único som que escutava eram os latidos da Baleia). É uma história muito comovente e foi um livro que me marcou muito quando eu li (há quase 10 anos atrás).



Lembro de quando eu estava na 5ª série que a professora pediu um trabalho em que deveríamos montar um livretinho selecionando os 10 poemas que a gente mais gostasse. Eu estava com 10 anos e fui na biblioteca municipal escolher um livro de poesias que me interessasse. Lembro de ver essa capa e abrir o livro ao meio como se fosse sorteando um poema. Foi o primeiro livro que vi e que já levei para casa (e eu guardo seus poemas em meu livretinho até hoje). Por essas e outras razões, indico A Rosa do Povo (1945), escrita por Carlos Drummond de Andrade no final da 2ª Guerra Mundial e que foi consagrada como uma das principais obras do autor.



A Escrava Isaura, obra de Bernardo Guimarães, foi escrita em 1875 em um contexto de escravidão. Indico esse livro justamente por isso, conhecer o momento histórico em que se passava quando a obra foi lançada e conhecer a história do autor, parece enriquecer ainda mais a leitura. Isaura é uma escrava branca que foi adotada pela dona da propriedade em que nasceu e bem educada. Ao longo da história, ela assume o papel de heroína que foge da perseguição de Leôncio, filho da fazendeira e vilão da história. Ao escrever este livro, Bernardo Guimarães levantou a questão do abolicionismo, assunto que repercutiu na imprensa naquela época (chegando até a receber visita de Dom Pedro II). Muita gente já conhece a obra por ter inspirado as novelas que já passaram na TV, mas ainda assim indico o livro porque o livro é sempre mais rico em detalhes.





Lembro como se fosse hoje o quanto eu ficava fascinada nas aulas de Literatura quando o professor  falava sobre A Viuvinha de José de Alencar, que foi publicada em 1857 e que termina com um final feliz, característico dos livros do autor. A história gira em torno do romance entre o casal Carolina e Jorge. Dias antes do casamento com Carolina, Jorge (até então um jovem órfão rico) descobre que está falido e com enormes dívidas. Ele decide se casar mesmo assim, para não desapontar Carolina e, na noite de núpcias, para limpar seu nome, planeja um suicídio. Neste momento, a história é interrompida e retorna cinco anos mais tarde. Indico este livro para você que ficou interessado e quer saber o desenrolar da trama. 



Um dos fatores que me interessou bastante na obra Via Láctea de Olavo Bilac é a forma como o autor se vislumbra com a natureza em seus poemas. É como se ele transformasse a pessoa amada na lua, nas estrelas ou no sol. São poemas maravilhosos com um quê de romantismo que eu aqui indico não só para aqueles que gostam de poesia, mas para você que deseja conquistar o seu affair. É simplesmente lindo.



Por fim, indico O Homem que Sabia Javanês e Outros Contos para aqueles que gostam de histórias de humor. Li esse livro depois que um professor começou a fazer uma narrativa pessoal de O Homem que Sabia Javanês em sala de aula que rendeu boas risadas. Não sei se foi isso que me fez gostar tanto desse livro, só sei que é um livro que reúne vários contos, é gostoso de ler, interessante e repleto de humor. Vale muito a pena.

Sei que foi uma postagem bastante longa, mas acredito ser enriquecedora para quem não conhecia e quer aumentar sua biblioteca pessoal. Para aqueles que não tiverem grana para comprar o livro ou tiver dificuldade de achar, como eu sou uma pessoa muito legal, criei um link que redireciona para a versão dos livros em PDF  (basta clicar no link do título em cima da imagem do livro). Espero que tenha sido útil. 

Boa leitura!

Um comentário:

  1. Boa noite Renata.
    Passando para conferir a lista qual você enumerou de "10 livros clássicos brasileiros que todos deveriam ler".
    Venerei esta sua lista e concordo que todos deveriam ler, apesar de que eu ainda não o A Rosa do Povo -Carlos Drummond de Andrade,Via Láctea - Olavo Bilac.
    Fora estes dois, já li os outros, então tenho que acabar com sua lista, para ser completa nesta leitura.
    Apoio demais esta matéria.
    Desejando a você uma ótima noite.
    Um abraço.
    ClaraSol

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